Atualmente se fala muito sobre a inclusão da criança com necessidades especiais. Especialmente nas escolas e como é difícil e arduo essa missão! Mas essa inclusão começa com todos nós.Quero incentivar a todos a olhar a criança especial e a sua família com amor e aceitação, e sermos solidários. A inclusão começa em nossos corações.Pois sabemos que todos somos especiais, pois não existe nenhuma pessoa exatamente igual a outra. Todos nós temos nossas peculiaridades, habilidades, dificuldades, somos todos diferentes.Espero que em algum lugar com esse blog eu possa ajudar um coração necessitado pois ele está sendo feito com muito amor e carinho!!!
Que Deus abençõe a cada um de nós.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Como ensinar crianças com deficiência intelectual a brincar



 * Angélica Almeida
  
Através do brincar, a criança pode desenvolver sua coordenação motora, suas habilidades visuais e auditivas e seu raciocínio criativo. Está comprovado que a criança que não tem grandes oportunidades de brincar, e com quem os pais raramente brincam, sofre bloqueios e rupturas em seus processos mentais.
As crianças sem deficiência mental brincam espontaneamente, ou aprendem rapidamente através de imitação. Elas tentam todos os tipos de brincadeiras novas por curiosidade. As crianças deficientes, que têm um menor grau de comprometimento em seu desenvolvimento cognitivo, também aprendem por imitação, contudo, freqüentemente necessitam ligeira ajuda para torná-las mais inquisitivas.
Já as crianças com maior grau de comprometimento em seu desenvolvimento cognitivo necessitam que lhes ensinem muita coisa e nesses casos a imitação quase não funciona. É necessário ensinar a tarefa em si e mostrar que o processo é divertido.

Atividades para crianças com deficiência mental

É importante dividir qualquer tarefa em etapas gradativas, tão pequenas quanto for necessário. Por exemplo, começar por um jogo simples, colocando uma bola pequena numa xícara. Comece com o Auxílio Mínimo até o Auxílio Máximo, siga a lista abaixo até obter uma resposta.

Auxílio Mínimo

1. Instrução verbal
Com a bola dentro da xícara apenas fale: “pegue a bola.”
2. Fala e gesto
Com a bola dentro da xícara fale: “pegue a bola” e aponte para a xícara.
 3. Orientação
Retire a bola da xícara e guie a criança até ela, ao falar “pegue a bola”.


Auxilio Máximo

Com base na atividade mencionada anteriormente, faça um seguimento completo: segure a mão da criança, feche seus dedos ao redor da bola, posicione sua mão sobre a xícara e faça-a soltar a bola.
Você pode repetir a atividade de tirar e colocar a bola na xícara para trabalhar a percepção da criança

E no que diz respeito ao estímulo?

Quando alguma coisa nova for feita, elogie.
Quando uma habilidade antiga for usada, fique apenas contente.
À medida que uma habilidade nova se torna antiga, reduza o elogio pouco a pouco.
Lembre-se sempre de manifestar o maior prazer quando aparecer uma habilidade nova – muito elogio, um abraço, um doce.
Este seu estímulo ficará associado à tarefa. Com o tempo a tarefa será executada, mesmo com você ausente, devido a este estímulo lembrado. Então, embora talvez com alguns poucos brinquedos, você verá a criança brincar. Não será mais uma “tarefa” para nenhum de vocês dois.
Uma técnica especial é particularmente útil a ensinar a brincar. Baseia-se na idéia de sucesso completo em cada etapa. Um bom exemplo é usar um quebra-cabeça.
Utilizando um quebra-cabeça
Fazemos muitas deduções quando executamos um quebra-cabeça porque já montamos um anteriormente. Isto quer dizer que muitas pessoas que ensinam o manuseio deste brinquedo ou tipos semelhantes às crianças, ensinam erradamente. Não é efetivo espalharmos o quebra-cabeça quando o tiramos da caixa, com as peças todas separadas na frente da criança, ou colocar talvez algumas peças juntas e esperar que ela termine a montagem.
Veja a coisa através dos olhos da criança com deficiência mental. Ela não sabe o que está fazendo, se ele colocar uma peça no lugar, a coisa toda parece que ficou igual e ainda incompleta. O resultado é frustração.

Comece de outro jeito e as coisas ficam diferentes!

1. Monte você mesmo o quebra-cabeça e converse acerca dele.
2. Tire uma de suas peças.
3. Faça com que a criança reponha a peça. Ela terminou? Diga-lhe que isso é um sucesso alcançado!
4. Tire outra peça, ou talvez a primeira que removeu e mais uma.
5. Faça com que a criança complete o jogo. Ela teve sucesso mais uma vez!
6. Repita a ação com outras peças.
Esta técnica, chamada encadeamento é muito útil quando é importante evitar o fracasso. Simplesmente, comece do fim e dê uma marcha ré. Isso é muito bom para qualquer brinquedo seqüencial: um quebra-cabeça, um ábaco, jogos de construção e muitos outros.
Atenção: problemas poderão ocorrer quando não houver contato de olhos (com você ou com o brinquedo): quando a criança adormece, tem conduta destrutiva ou agressiva. Devemos evitar acomodações, perda de iniciativa ou tendência ao isolamento.

A deficiência lúdica do deficiente mental decorre de vários fatores:

Baixa capacidade de atenção.
Instabilidade psicomotora.
Tendência a repetição estereotipada dos mesmos jogos.
Ausência de iniciativa.
Dificuldades motoras.
Dificuldade para ater-se às regras.
Fragilidade às frustrações.
Na brincadeira a criança deve respeitar as regras, submeter-se à disciplina, participar de equipes, aprender a ganhar e a perder. É um treino para a vida. A diferença é que a criança com deficiência mental tem que ser ensinada a jogar porque dificilmente vai começar espontaneamente. As regras do jogo têm que ser bem explicadas, com poucas palavras e de forma bem clara. Precisará de apoio para conformar-se a perder, ou a ganhar, sem ufanar-se muito, a respeitar as regras e a controlar-se.
Derek Blackburn (Londres)| traduzido por Nylse Cunha,
diretora do Instituto Indianópolis e fundadora da 1ª Brinquedoteca Brasileira.

Fonte:  http://inclusaoaee.wordpress.com/

Você sabia?


quarta-feira, 16 de maio de 2012

A importância da Família como primeiro espaço educativo



A família é o primeiro espaço onde cada indivíduo se insere e o qual ajuda na promoção de o ser pessoa. É neste contexto que ele se conscientiza dos seus papéis primários e onde se inicia o processo de socialização primária, que o leva à articulação com a comunidade.
É no seio familiar que se faz a transmissão de valores, costumes e tradições entre gerações.
A educação, aqui, é processada sem regulamentos técnicos, onde constitui maior relevância aquilo que o indivíduo é e não aquilo que ele é capaz de fazer.
Desde sempre, a família acaba por surgir como um lugar onde se aprende a viver, ser e estar, e onde se começa o processo de conscientização dos valores sociais inerentes à sociedade e sem os quais esta não consegue subsistir. É neste ambiente que o indivíduo aprende a respeitar os outros e a colaborar com eles.
A família surge com direitos e deveres. Estes deveres estão consagrados na Constituição da República e nos valores sociais e morais respectivos à sociedade. Os pais dão vida aos filhos, a partir daqui cabe a eles dar-lhes o apoio de que necessitam, a educação e as condições necessárias para o seu crescimento saudável.
A família tem um papel educativo essencial. Dela vai depender a definição do quadro de referência primário para a prática educativa. No entanto, o desenvolvimento contínuo da função parental está longe de ser linear e positivo. Existem períodos de concordância que resultam em desenvolvimento para todos, mas também surgem momentos de desacordo que põe a família frente à educação com um profundo mal-estar.
O meio familiar exerce uma das mais importantes influências no desenvolvimento das capacidades cognitivas e na estruturação das características afetivas dos filhos. No entanto, a educação familiar não deve entoar só os efeitos do desenvolvimento dos filhos. A família deve ser considerada um ecossistema da educação.

Como você age com seu filho?

Relação entre pais e filhos nos dias atuais:

Como está o mundo hoje?

• Violência;
• Guerras;
• Novas descobertas científicas, novos remédios, novas técnicas de operação (micro-cirurgias ao invés de grandes cortes nas pessoas, etc.);
• Um bombardeio de informações através da televisão, jornal, rádio, internet;
• Novos produtos, maciça propaganda de lançamentos de produtos para todas as finalidades;
• Aumento do desemprego;
• Exigência de novas especializações para as pessoas poderem se empregar
• Ex: pessoas ter o segundo grau ou nível médio para poder ser caixa de supermercado; saber trabalhar usando o computador, etc.
• Frente a tudo isso, o pai e a mãe olha para seu filho e sente preocupação de educá-lo para a vida, para enfrentar essa nova realidade. O QUE FAZER? Como deve ser a relação entre pais e filhos nos dias atuais?

Como deve ser o lar?

• Lugar de acolhida, proteção e amor;
• É o ninho da intimidade: sem o medo, livre de preocupações, tensões, pressões;
• É o oásis da tranqüilidade: o lugar onde há sempre alguém que espera.
• É o porto onde nos equipamos para enfrentar o mundo exterior;
• É o ginásio de esporte onde se treina. Podem expressar suas forças e idéias, pois são amados.
• Em casa pode-se aprender errando;
• É a clínica do coração: perdão e encorajamento;
• É o lugar do intercâmbio afetivo entre gerações;
• É o terreno onde afundam as raízes da identidade.
• Dentro da casa nasce o “nós”, a nossa família;
• É o lugar mais bonito para se viver e crescer.

É vital ensinar os filhos a amarem a casa da família e a sentirem-se responsáveis por ela, para que todos possam transmitir sempre esta mensagem:

“Sinto-me tão feliz por estar aqui, com você”.

Que atitudes devem ser evitadas pelos pais?

Por que esse cuidado?

Sem o perceberem, os pais, em seus diálogos, estão transmitindo um verdadeiro MANUAL DE COMPORTAMENTO aos filhos, fora do que pensam fazer quando “estão educando as crianças”.

• Atitudes como impaciência (gritos: já disse, falei, dane-se, isto é problema seu, eu avisei, não me aborreça, não comece de novo, não vou entrar na sua, pelo amor de Deus, chega, já estou saturado, não pegue no meu pé, etc., etc...);
• Descontrole emocional provocando crises de choro, clastomania (destruição de objetos: pratos, livros, cartas, retratos);
• Desmaios, atitudes compulsivas (sair de casa, fechar-se num quarto);
• Agressão física (socos, pontapés, bofetadas, empurrões);
• Ameaças (abandono do lar, vender tudo e sair de casa, sair para não voltar);
• Autopunição (puxar os cabelos, arranhar-se, bater-se);
• Tentativas reais ou simuladas de auto-eliminação;
• Desonestidade (não fui eu, não disse tal coisa, você mente, você inventa, você é falso);
• Ofensas verbais (estúpido, louco, histérico, vagabundo, desordeiro, bêbado, cruel, mal educado e outras ).
Quais as atitudes positivas dos pais com os filhos ?
• Os filhos devem compreender que os pais apóiam seu esforço para tornarem-se autônomos, mas que, como pais, têm o dever de protegê-los dos perigos;
• Uma regra importante: pai e mãe estarem de acordo;
• Pai e mãe estabelecendo as mesmas regras;
• É útil distinguir, na educação dos nossos filhos, o que é importante e o que é irrisório.
• Em momentos particulares de proximidade e serenidade, os pais devem lembrar aos filhos que ser “único” é muito melhor do que ser “como os outros”;
• Preparar os filhos para a criatividade;
• Desenvolver nos nossos filhos o senso crítico, para que possam ter discernimento do certo e do errado, do bom e do mau;
• Desenvolver e estimular o culto e a prática da liberdade (com responsabilidade);
• Desenvolver o respeito à pessoa;
• Desenvolver o sentido da autonomia;
• Desenvolver o sentido da mobilidade, pois devem ser capazes de se adaptar constantemente às novas situações, capazes de descobrir respostas novas para novos desafios;
• Desenvolver o sentido da constância;
• Grande desafio: a partir dos 9-10 anos ensinar nossos filhos, frente a um trabalho, problema, tarefa, etc.:
• Primeiro: pensar;
• Segundo: imaginar como fazer;
• Terceiro: Agir (fazer).
• Quantos exemplos nós conhecemos de pessoas que agem por impulso na compra de um produto, mercadoria, em fazer um crediário acima de suas possibilidades financeiras, etc., apenas porque primeiro agiu, depois pensou e depois chorou.
• Não proibir a criança de agir, experimentar e aprender por si mesma, pois as sucessivas críticas e reprovações às suas iniciativas podem gerar sentimentos de inferioridade, baixa estima, ou timidez.
• Tanto as proibições, como a permissividade dos pais podem perturbar o desenvolvimento da criança e comprometer o seu futuro.

O que facilita o relacionamento pais e filhos?

• Estar perto de nossos filhos. Como? Brincando e ouvindo nossos filhos.
• Dar chance para nossos filhos pensarem, decidirem e fazerem coisas, atividades, tarefas;
• Evitar mentir para os filhos;
• Evitar divulgar os segredos dos nossos filhos. Há certas coisas que devem ficar restritas somente aos pais. Outras pessoas não devem saber;
• Estar disponível para o filho poder conversar com os pais;
• Procurar manter momentos de lazer em família, mesmo que seja um passeio pela praça, a um parque, etc.;
• Não ridicularizar o filho, usando expressões como:
• Você é burro, nunca vai aprender;
• Você é incapaz de fazer tal coisa;
• Você é um mão furada, tudo que pega deixa cair;
• Você é um eterno irresponsável, nunca consegue terminar nada.

E na educação dos nossos filhos, o que mais podemos fazer?

• Sendo exemplo para nossos filhos;
• Orientando nossos filhos: passando os nossos e o porque;
• Ensinando-os a aprenderem a julgar;
• Ensinando que raiva, medo, e outros são sentimentos comuns, mas que devemos saber expressá-los;
• Praticar: o perdão e a solidariedade;
• Entender a frustração;
• Ensinando-os sobre a frustração: não podemos ter tudo na vida, nem ter as coisas que queremos na hora que achamos que devemos ter. Devemos, isto sim, batalhar para podermos, paulatinamente, dando um passo de cada vez, conseguir as coisas que desejamos através do trabalho e planejamento, para chegar lá;
• Ensinado-os a perdoar. Mesmo estando certos, é necessário perdoar a quem nos culpa ou ofende. Na vida conjugal, no futuro, vai ser muito importante saber perdoar a esposa ou o esposo de qualquer ato que tenha sido feito;
• Usando de autoridade: firme, amorosa. Sem autoritarismo.
É necessário que a criança compreenda o significado do NÃO. E os pais devem saber quando dizer...

O que valorizar ?

• Iniciativa dos nossos filhos;
• Ser flexível;
• Aceitar mudanças;
• Procurar sempre se atualizar;
• Aceitar responsabilidades;
• Não esquecer nunca que o homem é um ser humano e não uma máquina (que pensa, sofre, está sujeito a pressões, etc.).

O que evitar em excesso?

• A falta de diálogo;
• O isolamento de cada um dentro da sua casa;
• Cada um com a sua TV, computador, etc.
• Não existir momentos para a família se reunir, falar uns com os outros, etc.

O que compartilhar?

• Os sonhos, os anseios, as aspirações;
• O afeto, o amor, as palavras mágicas: desculpe, por favor, obrigado, com licença, etc.;
• As tarefas domésticas: cada um contribuindo com a sua parte;
• O “é meu” ceder espaço para o “é nosso”;
• Ouvir a todos;
• Paciência.

O que harmonizar?

Devemos tentar harmonizar:

• Máquinas de mais (telefone, TV, computador, video-games);
• Relacionamentos de menos (menos momentos juntos).
E, finalmente, o que não pode faltar?
• Afeto, amor;
• Acalento;
• Toque;
• Confiança;
• Se mentirmos: rompe a confiança, rompe o diálogo, o relacionamento fica difícil e o nosso filho irá procurar fora de casa os esclarecimentos ou dúvidas que tenha;
• Acreditar na potencialidade de nosso filho;
• Nunca esquecer de aceitá-lo como ele é e não como gostaríamos que fosse;
• Educar filhos não é uma tarefa fácil;
• Paciência, respeito, compreensão e orientação são indispensáveis em todos os momentos;
• Criamos os nossos filhos para o mundo, devemos criá-los para serem felizes!
                                                                             Blog  Silvana   Lima

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mães Especiais!!!!!


Três anos após dar à luz, mãe com Síndrome de down revela detalhes de seu dia a dia 
Foto arquivo pessoal
Foto arquivo pessoal

“Calma gente, não está doendo, está tudo bem”. Era dessa forma que Maria Gabriela Andrade Demate, portadora de síndrome de down, tentava acalmar os pais e os dois irmãos ao seguir para uma maternidade em Campinas, no interior de São Paulo, onde daria à luz sua primeira filha.


Com 27 anos, ela engravidou do marido, o estudante Fábio Marchete de Moraes, com quem já mantinha um relacionamento há 3 anos e meio.

Os dois se conheceram na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), por volta dos 7 anos de idade, mas logo Fábio, que tem retardo intelectual devido a um acidente vascular pós-parto, saiu da escola. Anos depois, quando retornou, Gabriela já namorava outro rapaz que também tinha síndrome de down, porém ela se lembrou dos presentinhos que ganhava do colega de infância e ficou balançada. “Ele me dava caixa de bombom, correntinha, dava tudo”, relembra Gabriela.

Durante algum tempo, a estudante se viu em um triângulo amoroso, mas logo que se deu conta da situação a comerciante Laurinda Ferreira de Andrade, de 55 anos, disse que a filha precisava se decidir com quem realmente queria manter um relacionamento. ”Ela ficou levando o Erick e o Fábio no banho-maria, mas chegou uma hora que falei: você pode até namorar, mas só um, porque desse jeito você já está exagerando. Foi aí que ela optou pelo Fábio, com quem está até hoje”, revela a mãe da moça.

A decisão não foi muito difícil, já que a aluna cobiçada usou um critério muito simples que não deixou qualquer dúvida na hora da escolha. “O Fábio saía à noite para comer lanche, ia na praça, fazia tudo, e o outro não”, conta Gabriela. Com o apoio dos pais, o casal reatou o romance e, passado algum tempo, não conseguia mais se desgrudar.

“Quando começaram a namorar os dois não queriam mais se separar, ficavam juntos o tempo todo. Com seis meses de namoro ninguém segurava mais. Foi ai que resolvemos colocar uma cama na minha casa e uma cama na casa da sogra dela e os dois passavam um tempo em cada lugar até que não se desgrudaram mesmo. Como o Fábio tem mais dificuldade de largar a mãe dele, os dois mudaram para lá”, diz Laurinda.

Como qualquer outro casal, Fábio e Gabriela mantinham relações sexuais frequentes, porém não imaginavam que poderiam gerar um filho. Na época em que descobriu a gravidez, a jovem já tinha passado por pelo menos três médicos que garantiram que ela não tinha chances de ter um bebê. Porém, um geneticista alertou que isso poderia ocorrer, sim, sem esperar que ela já estivesse grávida.

“Lembro que fiquei encantada com a ideia, mas a Gabriela foi categórica ao dizer que não queria ser mãe porque filho dava muito trabalho. Como ela tomava anticoncepcional e começou a sentir umas dores de estômago, a levei ao médico para colocar um método contraceptivo intra-pele e nesse ir e voltar ela já estava grávida”, afirma a comerciante.
A surpresa da gravidez

Laurinda, mãe de Gabriela, percebeu que a filha estava mais “cheinha”, mas nunca imaginou que ela pudesse estar esperando um filho. “Eu sempre chamava a atenção dela por estar comendo muito e achei estranho o tamanho da barriga, porém não liguei muito. Foi quando o Fábio contou para um amigo que a barriga dela estava dando socos. Ao levá-la ao médico descobrimos que a Gabriela estava de seis meses. A Valentina nasceu com oito meses e alguns dias, o que quer dizer que eu soube da gravidez e exatamente dois meses depois minha neta já tinha nascido”, recorda.

A maior preocupação dos familiares foi em relação ao fato da estudante não ter feito o pré-natal e não ter acompanhado a gestação. “Durante a gravidez ela fez natação, equitação, musculação e estava fazendo balé, então era um ritmo de exercício físico imenso”, afirma Laurinda.

Porém, enquanto a mãe se descabelava, Gabriela mantinha a calma e o otimismo. “Ela nunca teve medo de nada porque sempre foi muito conversado esse tipo de coisa em casa. Só ficou um pouco com receio da cesárea porque queria tentar o parto normal, mas expliquei que era muito mais difícil e ela aceitou numa boa”.

Laurinda acabou dando todo o apoio que ela mesma não teve quando a filha nasceu. Há 30 anos, não se tinha nenhuma informação sobre o que era a síndrome de down. “O meu sonho era ter uma menina, porque eu já tinha um menino de quatro anos, e você espera sair de um parto com um filho lindo, maravilhoso e perfeito, de preferência o mais lindo da maternidade. Foi um choque quando um dos médicos disse que ela iria andar, falar, teria problemas cardíacos e iria morrer”, relata.

A notícia caiu como uma bomba. Desorientada, a comerciante procurou um geneticista para saber detalhes da enfermidade e chegou a passar dias trancada dentro de casa, chorando, sem querer mostrar a filha para ninguém. “Um dia uma amiga minha chegou e falou: não tem o que fazer, é para sempre. Não é uma coisa que tenha cura, mas se você estiver mal e quiser ficar trancada dentro de casa será uma opção de vida sua. Agora, se você quiser sair com ela e enfrentar o povo, que com certeza vai ‘cair matando’, é outra opção sua. Nisso me deu um estalo, me questionei por quanto tempo ia ficar ali chorando e decidi encarar o mundo. Vesti minha filha com a melhor roupa, a embonequei mesmo, e fui para a rua”, lembra.

A chegada de Valentina
Laurinda lembra que durante a gravidez de Gabriela ficou bastante perdida por conta da rapidez em que os fatos aconteceram. ”Costumo dizer que fiquei cega, surda e muda neste período. No dia em que a bolsa estourou, eu estava na maior correria, com pedreiros em casa construindo o quarto que seria da Valentina, e não percebi que ela estava prestes a ter a criança. Por volta das 7h da manhã, a Gabriela me disse que tinha feito xixi na cama, mas só na hora do almoço é que eu fui descobrir que na verdade a bolsa tinha rompido, mesmo porque ainda não estava no tempo do parto. Foi uma loucura, fomos voando para Campinas e ela tranquilizando a gente. Eu quase morri”, diverte-se.

Valentina chegou ao mundo um mês antes do previsto sem herdar a síndrome de down da mãe e a deficiência intelectual do pai. “Minha neta é uma verdadeira benção, linda, maravilhosa, inteligente e meiga. É a consequência da vida que a Gabriela sempre levou. Eu fiz questão de que ela tivesse uma vida normal, que conseguisse o máximo que quisesse na vida e sempre procurei realizar todos os seus sonhos na medida do possível. As pessoas acham que os deficientes não têm sonhos, só precisam de cuidados, mas isso não é verdade. Eles têm muitos sonhos”, alerta.
Papeis invertidos

Embora não more com a filha, que hoje tem 3 anos, Gabriela orgulha-se ao falar de Valentina e lamenta quando sua mãe, que é quem cria a menina, precisa dar algumas broncas. “Ela passa mal sempre que vê a gente chamando a atenção da Valentina e diz que não gosta porque sente um aperto no peito. É o instinto materno mesmo”, afirma Laurinda.

Valentina foi registrada pelos pais biológicos após a avó enfrentar algumas dificuldades no Cartório de Registro Civil da cidade de Socorro, onde moram. “Eu não tinha dúvidas de que isso seria possível, só gostaria que tivesse sido com mais respeito”, conta ela que passou cerca de dois meses lutando para que o local aceitasse o pedido depois de alegarem que Fábio não conseguia declarar a paternidade, nem dizer seu endereço residencial.

No dia a dia, Gabriela costuma levar a filha à escola com a mãe e adora brincar com a menina. “Ela me chama de mãe, a gente pula na cama elástica, assiste televisão. Ela é bem boazinha comigo”, diz a jovem que também não poupa elogios à mãe. “Ela [Laurinda] me leva até café na cama e eu ajudo a arrumar a cozinha”, ressalta.

Segundo a avó, Valentina é bastante apegada à mãe. “Ela é completamente apaixonada pela Gabriela e a chama de minha mamãe gorducha (risos). Quando ela chega, a Valentina já fica cheia de manha, faz birra. Acabei meio que assumindo o papel de mãe e ela o de avó, que deixa fazer tudo”, confessa. Ao ser questionada pelo eBand se gostaria de ter outro filho, Gabriela é categórica. “Não, eu operei, um já está bom”.

Enfim, casados
Um ano após o nascimento de Valentina, Gabriela e Fábio oficializaram a união com direito a uma festança que movimentou a pacata cidade de Socorro. “Fizemos uma cerimônia religiosa no melhor clube no dia 19 de março de 2009, quando minha neta completou 1 ano. A Gabriela casou de branco e a Valentina entrou de daminha”, conta a avó.
Gabriela também lembra a data com carinho. “Foi muita gente, estava tudo lotado, minhas tias, meus tios, meu pai”.

Durante a entrevista, ela estava passando alguns dias na casa da mãe, perto da filha e longe do marido. “Eu estou doentinha e a Valentina também. O Fábio está lá na nossa casa, cuidando, mas ele liga todo dia porque está com saudade”, diz envaidecida.
Fonte: http://www.band.com.br/ (06/05/11)                                                                              http://www.deficienteciente.com.br
Foto arquivo pessoal
Foto arquivo pessoal
Foto arquivo pessoal
Foto arquivo pessoal
Foto do arquivo Pessoal
Foto do arquivo Pessoal

Como é a rotina de mulheres tetraplégicas que, contrariando tabus e preconceitos, optaram por alegrias e desafios da maternidade



A matéria a seguir foi extraída da Revista ISTO É Independente.


Por Paula Rocha

Flávia Cintra, 39 anos, mãe dos gêmeos Mariana e Mateus, 5 anos (Foto: Reprodução)
Flávia Cintra, 39 anos, mãe dos gêmeos Mariana e Mateus, 5 anos (Foto: Reprodução)  

Assim como muitas mulheres, a jornalista Flávia Cintra, 39 anos, tem uma agenda atribulada. Ela se divide entre dois empregos (é repórter do programa “Fantástico”, da Rede Globo, e também dá palestras em empresas), cuida da casa, arruma tempo para encontrar o namorado e ainda faz questão de buscar, todos os dias, os filhos gêmeos Mariana e Mateus, 5 anos, na escola. A rotina dessa paulistana típica pode ser considerada banal, exceto por um detalhe: Flávia é tetraplégica. Ferida gravemente em um acidente de carro em 1991, quando tinha 18 anos, a então jovem estudante perdeu os movimentos do pescoço para baixo por causa de uma lesão em sua coluna cervical. Após meses de fisioterapia, no entanto, acabou recuperando o domínio dos braços e hoje, apesar das limitações de locomoção, consegue levar uma vida muito ativa. “Lido com todos os desafios de uma mãe moderna. Ser cadeirante é apenas mais um”, diz Flávia.


A admirável história dessa tetramãe é contada no livro “Maria de Rodas – Delícias e Desafios na Maternidade de Mulheres Cadeirantes” (Editora Scortecci), que chega às livrarias nos próximos dias. Na obra, Flávia e outras mulheres com mobilidade reduzida contam como superaram tabus e preconceitos para realizar o desejo da maternidade. “É importante mostrar para as cadeirantes que é possível, sim, ser mãe”, diz Flávia, uma militante da causa. “Minha deficiência não interfere no meu papel de mãe, porque ser mãe não é uma condição física.” Separada, no dia a dia, Flávia acompanha as crianças em várias tarefas, e conta com a ajuda de duas assistentes em atividades que exigem mais mobilidade, como dar banho. Muitas pessoas, porém, perpetuam a errônea crença de que uma mulher tetraplégica não teria condições de criar uma criança. “Quando eu estava grávida, muita gente me olhava com espanto na rua, como se fosse um crime uma tetraplégica engravidar”, lembra Flávia.


Juliana Oliveira, 36 anos, mãe de Isa,  2 anos, e de Lis, 2 meses (Foto: Reprodução)
Juliana Oliveira, 36 anos, mãe de Isa, 2 anos, e de Lis, 2 meses (Foto: Reprodução)


Essas reações de assombro e desaprovação são bem conhecidas da publicitária carioca Juliana Oliveira, 36 anos. Tetraplégica desde os 22, quando sofreu um acidente de carro, ela decidiu ser mãe há três anos e logo que parou com o anticoncepcional engravidou naturalmente de Isa, que hoje tem 2 anos de idade. “Ter minha filha foi tão bom que, assim que ela nasceu, eu e meu marido já pensávamos em ter outro filho”, diz Juliana. A segunda gestação veio em 2011, e trouxe ao mundo a pequena Lis, de 2 meses. Apesar da alegria pela dupla maternidade, Juliana teve que lidar com comentários desagradáveis de desconhecidos e até mesmo de familiares. “Tem gente que me chama de louca porque escolhi ser mãe duas vezes, mas isso nunca me abalou”, diz Juliana, que tem uma rotina tão repleta de afazeres quanto Flávia. Funcionária pública e apresentadora de um programa sobre inclusão na TV Brasil, ela ainda coordena a casa, cuida das crianças e gosta de frequentar bares e a praia. “Mas conto com a ajuda do marido e de uma funcionária, claro.”


Do ponto de vista médico, a gravidez de uma tetramãe não é muito diferente da de uma mulher sem deficiência. “Só é preciso ter cuidado extra com a circulação, porque elas têm mais chance de desenvolver trombose, e com a bexiga, para evitar infecções urinárias”, diz Miriam Waligora, obstetra do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Pelo fato de partos de gestantes tetraplégicas serem tão raros, porém, a maioria dos médicos não sabe como lidar com essas pacientes. Na sociedade o desconhecimento é ainda maior. “Existe um mito de que as pessoas com deficiência são assexuadas, como se a limitação motora representasse necessariamente uma disfunção sexual”, diz Ana Claudia Bortolozzi Maia, professora-doutora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autora do livro “Inclusão e Sexualidade na Voz de Pessoas com Deficiência Física” (Editora Juruá). “O que a maioria da população não sabe é que os cadeirantes muitas vezes mantêm a sensibilidade e podem ter uma vida sexual plenamente satisfatória”, diz. No caso de Flávia e Juliana, além de desfrutar de uma rica vida amorosa e sexual, as duas optaram por aproveitar também as delícias da maternidade. “Antes de ser mãe, eu era viciada em trabalho. Hoje minha prioridade é a Mariana e o Mateus”, resume Flávia.

Educação Inclusiva: Barreiras e Soluções





ROMEU KAZUMI SASSAKI 1

Se vista como um produto, a educação inclusiva representa a vitória sobre todos os tipos de barreira que tentam inviabilizá-la ao longo da sua implementação.

Se vista como um processo, a educação inclusiva é um poderoso instrumento capaz de transformar um sistema educacional, passando-o gradativamente de excludente para includente.

Em ambas as visões, estão presentes, implicitamente, todos os aspectos educacionais que precisam ser: ou mantidos como são, ou melhorados, ou substituídos, ou acrescentados, e todas as barreiras que dificultam ou impedem essas ações.

Durante quase duas décadas, - tomando 1994 como o ano em que, no Brasil, foram iniciadas as primeiras tentativas de implementação do conceito de escolas inclusivas em ações isoladas e, às vezes, precariamente instruídas – tenho ouvido críticas e elogios a respeito da educação inclusiva, como produto e processo, igualmente.

Nesse mesmo período, tenho testemunhado ou tomado conhecimento de experiências bem-sucedidas, parcialmente exitosas e totalmente fracassadas. A que barreiras poderíamos atribuir esse fracasso parcial ou total?

Após observar e estudar relatos escritos ou falados sobre essas experiências e comparando-as com as que vivenciei diretamente no meu trabalho de consultoria em educação inclusiva, proponho-me a oferecer as seguintes soluções, considerando que as barreiras podem ser de natureza quantitativa e qualitativa:

1)As barreiras quantitativas se referem à falta de abrangência das ações de implantação da inclusão sobre o total de escolas comuns, públicas e particulares, existentes em todos os municípios do País. Esta falta revela o fato de que boa parte dos recursos financeiros destinados à educação está sendo utilizada para outros fins. Solução: Despertar a vontade política de governantes e gestores, em todas as regiões brasileiras, no sentido de tornar inclusivos os respectivos sistemas educacionais.

2) As barreiras qualitativas se referem à inadequação das práticas pedagógicas e administrativas levadas a efeito nas escolas comuns que foram e/ou estão sendo escolhidas para se tornarem inclusivas. Solução: Inserir nessas práticas a realização dos seguintes princípios: (A) Singularidade. Cada aluno é único; portanto, a escola precisa traçar metas individualizadas juntamente com o aluno e/ou a família dele. (B) Inteligências múltiplas. O professor, ao ensinar o conteúdo de sua disciplina, precisa estimular e utilizar o cérebro inteiro de cada aluno. (C) Estilo de aprendizagem. O professor, ao preparar suas aulas, precisa pensar em atingir o modo como cada aluno aprende melhor. (D) Avaliação da aprendizagem. A escola precisa adotar o sistema baseado em ipseidade (comparar a avaliação de cada aluno com as outras avaliações do mesmo aluno e não de outros alunos), em continuidade (todas as aulas servem como fontes de evidência do aprendizado) e em inclusividade (avaliar para incluir e não para excluir o aluno). (E) Coerência. A escola inteira precisa adotar atitudes inclusivas: os professores e os funcionários precisam passar por capacitações periódicas sobre educação inclusiva.


1 Romeu Kazumi Sassaki é consultor de educação inclusiva, ativista em direitos da pessoa com deficiência e autor do livro “Inclusão: Construindo uma sociedade para todos”. 

Este artigo foi originalmente publicado na revista Incluir, São Paulo, n. 12, julho/agosto 2011, p. 53.

Fonte: http://arivieiracet.blogspot.com.br