Na perspectiva da educação inclusiva, a escola é concebida como uma
instituição de educação formal, que fundamentada na concepção de
direitos humanos, combina igualdade e diferença como valores
indissociáveis, avança na proposta de promover o desenvolvimento de
todos os alunos atrelado à garantia da qualidade de ensino.
Assim sendo, para atender especificamente os alunos com deficiência
deve contar com apoio da Educação Especial, que neste novo paradigma
passa por redefinição conceitual e assume papel preponderante neste
processo, sobretudo como articuladora de uma rede de apoio.
A Educação Especial é uma área do conhecimento e passa a ser
concebida pela Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (BRASIL, 2008) como sendo uma modalidade de ensino que
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento
educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e
orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem de
alunos com deficiência.
Na escola, a Educação Especial, deve conhecer as características de
seu trabalho, para não avançar sobre aquele da classe comum. A dialética
que se estabelece entre o professor da sala comum e o professor
especializado deve ser evidente para ambos. Cabe ao último a competência
para prover o serviço de apoio especializado ao aluno com deficiência.
Dentre o rol de atribuições que cabe ao professor especializado, uma
delas é constituída pela função de colaborar na identificação das
potencialidades dos alunos com deficiência, bem como suas necessidades
educacionais especiais. Dessa forma, é importante observar e ficar
atento, pois muitas vezes o aluno em vez de não ser capaz de fazer
determinada atividade, pode de fato não estar tendo acessibilidade para
isto, daí a relevância das tecnologias assistivas. Nem sempre não fazer,
significa não saber!
Apenas a avaliação inicial do aluno com deficiência não é suficiente
para acompanhar seu desenvolvimento. É de suma importância a elaboração
de registros do trabalho desenvolvido, sempre tendo como marco
referencial a aprendizagem do aluno.
A seleção do material didático a ser utilizado no acompanhamento e
apoio ao desenvolvimento do aluno com deficiência, para atender às
necessidades identificadas na avaliação pedagógica, é outra tarefa que
compete ao professor da educação especial. Alguns materiais podem ser
produzidos pela equipe escolar.
A construção da escola inclusiva é um projeto coletivo, que passa por
uma reformulação do espaço escolar como um todo, desde espaço físico,
dinâmica de sala de aula, passando pelo currículo, formas e critérios de
avaliação.
Acreditamos que só com a execução de um projeto político pedagógico
inclusivo é que caminharemos para a construção de uma escola inclusiva,
pois acreditamos assim como Vale (1995) que projeto é capacidade humana
de não aceitar a realidade como determinada e imutável, e, em
contrapartida, estabelecer alvos e metas que transformem o contexto numa
realidade mais adequada aos fins e desejos humanos.
Assim, o planejamento do professor da sala de recursos deve ter como
parceira a equipe escolar, a partir daí se pensar em quais: as condições
necessárias para o aluno acessar o conhecimento e incentivar a
interação do aluno com os instrumentos e signos mais avançados; as
atividades que partam do interesse dos alunos, que requeiram uma maior
explicitação de temas ou conteúdos e utilização mediadora de
instrumentos ou equipamentos que favoreçam a sua apreensão; os
mecanismos de colaboração com os professores da própria escola ou demais
profissionais que por ventura atendam o aluno; as orientações e
elaboração de material didático-pedagógico ou a utilização de outros
materiais a serem utilizados pelos alunos com deficiência na classe
comum.
No trabalho de apoio, a participação da família é imprescindível.
Cabe também ao professor especializado conhecer os recursos disponíveis
no município em que atua e, mais que isso, buscar possíveis parcerias,
promover visitas educativas aos espaços públicos e oportunizar a
vivência de situações nas quais os alunos possam desenvolver autonomia.
Porém, não basta o professor e a família. É preciso contar com o
envolvimento de toda a comunidade escolar.
Por fim, uma Política de Educação Inclusiva só se efetivará se cada
um fizer sua parte: sociedade, sistemas educacionais, escolas e família!
Referências
BRASIL. MEC. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008.
VALE, J. M. F. do. Projeto Pedagógico como Projeto coletivo. In
Circuito PROGRAD: O projeto pedagógico de seu curso está sendo
construído por você? São Paulo: Pró-Reitoria de Graduação UNESP, 1995.
Vera Lúcia Messias Fialho Capellini é professora do Departamento de
Educação e do Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento
e da Aprendizagem da Faculdade de Ciências da Unesp de Bauru.