A Secretaria
de Educação Especial define como classe hospitalar o atendimento
pedagógico-educacional que ocorre em ambientes de tratamento de saúde,
seja na circunstância de internação, como tradicionalmente conhecida,
seja na circunstância do atendimento em hospital-dia e hospital-semana
ou em serviços de atenção integral à saúde mental.
No INCA(INSTITUTO
NACIONAL DO CANCER), a Classe Hospitalar tem como objetivo proporcionar o
atendimento pedagógico à crianças e adolescentes portadores de
neoplasia, em tratamento quimioterápico ambulatorial e assegurar a
manutenção dos vínculos escolares, devolvendo a criança para sua escola
de origem, com a certeza de que ela poderá se reintegrar ao currículo e
aos colegas, sem prejuízo devido ao afastamento temporário.
As
atividades escolares são desenvolvidas diariamente por duas professoras,
que, inicialmente, procuram descobrir as áreas de interesse do aluno
para viabilizar sua expressão, possíveis dúvidas acadêmicas e a
aquisição do vínculo, fator primordial para o aprendizado. A partir
desse contato, são planejadas atividades que possibilitem a criança
superar suas dificuldades e apropriar-se de novas habilidades e
competências. Nas situações em que o paciente estiver inserido numa
escola regular, é solicitado aos responsáveis que tragam para o hospital
todo o material escolar da criança a fim de que seja garantida a
continuidade do currículo desenvolvido pela escola de origem.
Desde a
sua implantação no ano letivo de 2000, quando foi assinado o convênio
entre o hospital e a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro,
a Classe Hospitalar já matriculou cerca de 450 crianças. O trabalho foi
inicialmente oferecido aos pacientes da Enfermaria de Oncologia
Pediátrica, Hematologia Pediátrica e do Ambulatório de Quimioterapia
Infantil, posteriormente foi ampliado, e atualmente beneficia crianças e
adolescentes submetidos a transplante de medula óssea.
A atividade
escolar no hospital contribui para a diminuição do estresse causado
pelas sucessivas internações, proporciona integração entre os
profissionais e permite que o paciente sinta-se produtivo no seu papel
de aprendiz. Isto favorece a construção do conhecimento e contribui para
a promoção da saúde.
O trabalho realizado pela Classe Hospitalar
constitui parte integrante do tratamento oncológico e está de acordo com
a Resolução n.º 2 do Conselho Nacional de Educação, de 11 de fevereiro
de 2001, que em seu Art. 13 determina: "Os sistemas de ensino, mediante
ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento
educacional especializado a alunos impossibilitados de freqüentar as
aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação
hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em
domicílio."
FONTE: http://www.inca.gov.br/
Ensino nas horas difíceis
Lecionar para estudantes internados exige preparo psicológico para lidar com as famílias, os médicos, as escolas... e a morte
NO LEITO E FELIZ
Frank foi alfabetizado dentro do Hospital do Câncer, em São Paulo. Agora, já está na 2ª série
Em
2007, quando entraria no Ensino Fundamental, o pequeno índio wapixana
Frank Silva ficou doente. Teve um câncer diagnosticado e precisou sair
de Roraima, onde morava, para buscar ajuda especializada. Desde o ano
passado, está internado em São Paulo. Mas não foi esse imprevisto - nem a
forte medicação que vem tomando - que o deixou fora da escola.
Matriculado desde o começo do tratamento em uma classe dentro do
Hospital do Câncer, ele não só foi alfabetizado como já está na 2ª
série. Frank é uma das 65.956 crianças que estudaram em salas adaptadas
ou no próprio leito em 2007, segundo o Censo Escolar do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Apesar do
público numeroso, a modalidade ainda não é uma realidade em todo o
território nacional. O próprio Ministério da Educação (MEC) reconhece
que há carências graves pelo país - são 850 hospitais oferecendo o
atendimento, em um universo de quase 8 mil unidades.
Além disso,
especialistas alegam que as experiências em curso nem sempre ocorrem num
contexto ideal. "Há o déficit de profissionais para atuar do 6º ao 9º
ano. E, em muitos lugares, o voluntário ainda atua no lugar do
educador", diz Eneida Simões da Fonseca, professora do Departamento de
Estudos em Educação Inclusiva e Continuada da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro. Na prática, é a equipe médica que deve acionar as
secretarias de Educação assim que um estudante da rede pública dá
entrada com alguma doença severa (para os oriundos da particular, é a
própria escola que deve providenciar o serviço). Em alguns estados e
municípios, já existe inclusive um quadro de docentes previamente
concursados e preparados para a função, e é junto a esses órgãos que
interessados no emprego devem procurar orientações. "Cabe aos governos
locais oferecer a mão-de-obra e as capacitações necessárias. Tudo para
que o aluno se atrase o mínimo possível no ritmo de sua turma original",
diz Martinha Dutra dos Santos, coordenadora-geral da Secretaria de
Educação Especial do MEC.
Apesar de ser chamada tecnicamente de
classe, a aula é individual, nos leitos ou em salas cedidas pela unidade
de Saúde. Diferentemente de uma escola regular (onde é possível fazer
atividades de longa duração), cada tarefa precisa ter início, meio e fim
no mesmo dia. "É um ritmo estranho. Eu posso planejar tudo hoje e,
amanhã, o estudante recebe alta. Daí eu tenho que fazer coisas novas
para outra criança que acabou de chegar", conta a professora Geane Yada,
do Hospital Darcy Vargas, em São Paulo. A carga horária também muda. O
educador pode iniciar uma conversa e, em instantes, ter de parar devido a
uma indisposição. O indicado é que o aluno consiga ter o mesmo conteúdo
e a mesma carga horária da escola. Mas, com o sobe-e-desce do
tratamento, isso nem sempre é possível.
Assim que um estudante
chega para tratamento, o titular da classe hospitalar deve chamar a
família e o futuro aluno para conversar sobre sua situação. Normalmente,
um coordenador pedagógico articula essa fase. Em seguida, o docente
entra em contato com a escola para solicitar o currículo que a criança
seguiria e também as atividades já realizadas. Cabe à unidade de ensino
encaminhar todas as tarefas previstas para que o aluno faça em sua
internação - inclusive as provas, que serão devolvidas para a correção
pelo educador da turma regular. A professora Célia Wiczneski,
coordenadora pedagógica do Hospital do Trabalhador, em Curitiba, conta
que essa relação não é fácil e, como já aconteceu, a escola muitas vezes
nem sabe que um estudante adoeceu. "Hoje é mais fácil conversar. Mas,
no início, eu precisei bater o pé. E, quando não tinha solução, ligava
para a Secretaria de Educação e contava o que estava acontecendo." Foi
com tanto empenho que garantiu a continuidade nos estudos de vários
jovens como Felipe Eduardo Alves da Silva, 9 anos, que está na 4ª série e
sofre de osteomielite (infecção óssea) e precisa de internações
sucessivas. Para trilhar esse caminho, o MEC sugere articular a
programação de atendimento em dois momentos. No primeiro, o docente
trabalha com os conteúdos definidos num currículo próprio, geral, que
tem por base os Parâmetros Curriculares Nacionais. "É para evitar
atrasos em caso de demora no envio dos materiais pela escola de origem",
explica Rosemary Hilário, coordenadora do Hospital do Câncer. No
segundo, já de posse da papelada, a equipe do hospital adapta o trabalho
pedagógico de acordo com o histórico do aluno, muitas vezes lançando
mão de uma avaliação inicial. Uma articulação especial é necessária
quando o estudante apresenta um quadro clínico que requer idas e vindas
constantes. É o caso de Eula Carla de Lima, 12 anos. Ela está na 6ª
série, sofre com displasia (anomalia) na tíbia esquerda e precisa passar
por cirurgias frequentes, também no Hospital do Trabalhador. Para ela, o
ano escolar acontece simultaneamente na unidade regular em que estava
matriculada e no hospital. Mas, como contam os profissionais, a questão
mais delicada em todo o trabalho é lidar com a morte. Enquanto esta
reportagem estava sendo feita, uma aluna do Darcy Vargas faleceu. Para
Rosemary, são coisas que acontecem. "Temos de encarar da mesma forma que
faríamos em uma turma regular", argumenta. "E, na hora que os
familiares chegam para conversar com você, não podemos esquecer que não
somos psicólogos para dar orientações. A melhor coisa é ouvir."
Atualmente, já existem até cursos de especialização para ajudar os
professores a enfrentar e se adaptar a todas essas situações.
Obrigação está na lei
Em
1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional deu início à
formalização do funcionamento das classes hospitalares, determinando aos
governos "garantir atendimento educacional especializado gratuito aos
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede
regular". Em 2001, o Conselho Nacional de Educação, no artigo 13º da
Resolução nº 2, tratou da obrigatoriedade do sistema e utilizou, pela
primeira vez, a nomenclaura "classe hospitalar". Desde então, ficou
definido que "os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os
sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional
especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão
de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, atendimento
ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio". Com base nas
regras anteriores, a Secretaria de Educação Especial do MEC elaborou em
2002 os termos reguladores que detalham o trabalho dentro das unidades
de Saúde. Cabe aos estados e municípios adaptar essa legislação nacional
e traçar orientações específicas para cada rede de ensino.
Edição 220 03/2009 (Nova Escola - Veja reportagem completa)
hospitais onde tem classe hospitalar:
Hospital Darcy Vargas,
R. Seráfico Assis de Carvalho, 34, 5614-040, São Paulo, SP, tel. (11) 3723-3839
Hospital do Câncer, R. Professor Antônio Prudente, 211, 01525-000, São Paulo, SP,
tel. (11) 2189-5000
Hospital do Trabalhador, Av. República Argentina, 4406, 81050-000, Curitiba, PR,
tel. (41) 3212-5870
Livro:
Atendimento Escolar no Ambiente Hospitalar
Autora: Eneida Simões da Fonseca, 100 págs.
Ed. Memnon, tel. (11) 5575-8444, 28 reais
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"O conhecimento partilhado em igualdade de condições, com todos, deve ser a motivação de nossa existência"... "Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças" (Mantoan)
Atualmente se fala muito sobre a inclusão da criança com necessidades especiais. Especialmente nas escolas e como é difícil e arduo essa missão! Mas essa inclusão começa com todos nós.Quero incentivar a todos a olhar a criança especial e a sua família com amor e aceitação, e sermos solidários. A inclusão começa em nossos corações.Pois sabemos que todos somos especiais, pois não existe nenhuma pessoa exatamente igual a outra. Todos nós temos nossas peculiaridades, habilidades, dificuldades, somos todos diferentes.Espero que em algum lugar com esse blog eu possa ajudar um coração necessitado pois ele está sendo feito com muito amor e carinho!!!
Que Deus abençõe a cada um de nós.
Que Deus abençõe a cada um de nós.
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